The Man & Taylor Swift descobrindo o feminismo
- Stuart

- 28 de fev. de 2020
- 4 min de leitura
Apesar do título tendencioso, todos que me conhecem e/ou que leram alguns posts meus aqui no blog sabem que eu sou uma cadelinha da Taylor Swift. Eu nem tento negar mais, eu sou fã dela desde os meus 10 anos, quando ela ainda era uma cantora "country" e sigo firme&forte amando essa mulher. E como o clipe maravilhoso de The Man saiu, achei que seria bacana vir aqui e falar sobre as coisas que eu amo sobre ela e as coisas que eu amo um pouco menos nela também.

Primeiro, eu entendo que muitas pessoas podem achar muito básico e irrelevante a ação da Taylor falando sobre feminismo e sobre como os homens ganham muito mais atenção e relevância em tudo do que as mulheres. Realmente entendo. Principalmente se estamos falando de determinados grupos que já tiveram sua educação sobre direitos iguais e sobre como as mulheres precisam lutar por seu lugar e que os homens devem reaprender a agir, já que a sociedade não é exclusivamente masculina e heterossexual. Mas, saindo da nossa bolha social - em que vivo desde minha entrada na faculdade - e indo para o mundo real em que muitas crianças, adolescentes e jovens ainda não entraram em contato com nenhum tipo de feminismo, Taylor Swift está realmente mostrando algo novo. E, se pensarmos bem, o público da Taylor é jovem e, muitas vezes, está inserido em um contexto sem muita discussão relevante sobre gênero e papel da mulher. Então, sim, apesar de parecer ser mais do mesmo, Taylor está de fato abrindo caminhos.
E digo isso sobre abrir caminhos porque todos precisam de uma mãozinha para chegar em um lugar de pensar em grupo e não apenas em individual. Se formos acompanhar o desenvolvimento de Taylor como artista e como pessoa, vemos que ela vem de uma família composta por mãe e pai, de um estado estadunidense super conservador e, claro, de um gênero que, tipicamente, é masculino e é regido pelas "leis do homem". Caso vocês não tenham assistido o documentário dela da Netflix e nem queiram, vou mencionar brevemente o que ela comenta lá, que é sobre como ela tinha que seguir um papel em que ter opinião não era importante, que ela deveria ser só a menina que se abstinha de expressar qualquer pensamento mais profundo - muito menos político. Por isso, se formos julgar a Taylor por não ter se posicionado por tanto tempo, podemos também ficar um pouco feliz por ela finalmente ter se libertado desse papel de submissa mulher. E, convenhamos, muitas de nós acabamos convencidas pelo nosso meio sobre como nos comportamos - e nos comportamos agora de modo mais desconstruído porque a conversa sobre feminismo e direitos se tornou mainstream.

Agora, voltando para o clipe! Sim, eu amei o clipe e sinceramente o final dele, em que ela coloca "owned by Taylor Swift" me deixou emocionada, ainda mais quando pensamos a quantidade de trabalho produzido por mulheres que está nas mãos de homens escrotos. Ser uma mulher produtora e dona do seu produto é fantástico e finalmente as mulheres estão conseguindo um naco disso, ainda com muito o que fazer, porque infelizmente os homens ainda são uns bundões e um empecilho para muitas mulheres. Enfim. A música já tem toda uma conotação de "se eu fosse homem, isso não aconteceria" - alô If I were a boy -, com menções a adjetivos que usam para descrever ela e como seriam usados se ela fosse um homem. Vimos isso acontecer com a nossa ex-presidenta, certo? Ela era louca e histérica, agora esse infeliz está no mesmo cargo e nunca chegaram a cogitar chamá-lo assim nos meios de comunicação mais relevantes, certo? Então, é basicamente com essa ideia que a Taylor brinca na música e, por a música tratar desses tópicos dos quais nós, da bolha, estamos um pouco cansados, acaba sendo um tanto enjoada a letra (eu especificamente considerei essa uma das músicas mais fracas do álbum quando saiu). MAS PORÉM TODAVIA ENTRETANTO, quando ela começou a falar sobre isso, principalmente no documentário, eu achei interessante e comecei a ver o impacto entre as pessoas que gostam dela e das pessoas que não gostam dela... e aí que vi uma luz no fim do túnel e fiquei muito feliz.
O clipe, claro, vem para reforçar tudo o que a letra está nos mostrando. E o fantástico é que é a própria Taylor fantasiada de homem no clipe todo, jogando com a pegada de "if i was a man, i'd be the man" literalmente! No vídeo, então, ela encena diversas situações em que homens são congratulados por fazerem absolutamente o mínimo, ou por fazerem absolutamente nada. Além de situações de "mantruns" (uma brincadeira com a palavra "tantrun", do inglês, que significa "birra"), ou de homens se comportando de modo despreocupado com todo o restante do mundo porque, aparentemente, se acham no centro do universo. Todas as imagens, claro, tem uma conotação especial para a Taylor, então tem alfinetadas para os donos da ex gravadora dela e como eles se recusam a dar os álbuns dela, que são dela, e se dizem eles os donos. Por isso, aqui retomo a ideia do "owned by Taylor", que é no sentido de ela finalmente ser dona completa de algo, porque Lover é o primeiro álbum dela que é completamente dela - o que é um tanto ridículo, né, vamos combinar.

Por fim, acho que o que eu queria deixar claro é que concordo com quem diz que a Taylor não está fazendo nada novo ou descobrindo o feminismo sozinha, inovando. Claro que não. Mas também é legal ela finalmente estar se desprendendo de papéis que as mulheres como ela são colocadas e, finalmente, usando a voz dela e a plataforma gigantesca dela para trazer a pauta do feminismo e dos direitos das mulheres - além das questões políticas, que ela tem sido muito vocal e I'M HERE FOR IT.
O ponto aqui é: escutem e deem uma chance para o clipe!




Comentários