leitura e vida
- Stuart

- 5 de set. de 2020
- 5 min de leitura
Uau, faz muito tempo que não decido colocar em palavras para os outros lerem o que tenho pensado e lido e visto e etc. Tempos corridos e doidos e continuamos aqui, de uma forma ou de outra. Mas ao invés de apenas ficar reclamando, como imagino que todos já devem estar acostumados, resolvi falar um pouco de leitura.
Esse ano, surpreendentemente, tem se alavancado o número de leituras minhas. Lembro que lá no começo desse ano eu tinha me planejado ler mais e alavancar meu número de leituras e aí esse plano deu uma esfriada até que eu senti que era necessário retomar as rédeas dos meus hábitos de leitura e eu fiz isso da única maneira possível (para mim) - reli uma das minhas séries favoritas desde a tenra idade da adolescência.
Como todo outro evento da minha vida, essa releitura veio acompanhada de uma nova fase organizacional da minha vida. Era Maio, estávamos quase completando 2 meses de completo caos, e eu decidi que ia modificar algumas coisas e estabelecer uma rotina. Sim, eu sou uma dessas pessoas que apenas funciona com uma rotina. Então, feriado do dia do trabalhador, eu estabeleci metas e tracei um plano. Ia regular meus horários de sono, ia estabelecer um período de trabalho e ia colocar minhas leituras em ordem.
Comecei, então, a acordar, de segunda a sexta, às 6 horas da manhã e ir direto para o trabalho (também conhecido como sentar na minha escrivaninha, abrir o computador e corrigir redações). Depois de uma manhã de trabalho, a tarde segue dois percursos: pelo menos uns 30 minutos a 1 hora de exercício físico e depois tempo livre para mim - o que aqui se traduz para HORA DA LEITURA.
Em Maio decidi baixar todos os livros da série A Mediadora, da escritora Meg Cabot. Confesso que, para o olho despercebido de qualquer pessoa, pode parecer um título talvez muito juvenil e pouco intelectualmente chalenging - mas, vamos falar entre amigos aqui: quem precisa se esforçar intelectualmente enquanto o mundo está desabando?

Vamos falar, então, um pouco sobre essa série de livros. Originalmente foram publicados 6 livros dessa série. São todos livros razoavelmente pequenos, com 150 páginas em média. A protagonista, Suzannah (ou Suze) nos leva em suas aventuras como uma adolescente em uma nova cidade e, claro, sendo uma mediadora. É aqui que entra a parte legal. A personagem pode falar com os mortos!!! E não apenas isso: o "papel" dela, como uma mediadora, é guiar os espíritos que estão pela terra vagando com alguma pendência. Dependendo da pendência a história pode se complicar - e é aí que a diversão reina. Suzannah não é a única mediadora - ao contrário do que ela imaginava -, pois no novo colégio ela encontra o padre Dominic (sim um padre!!!!) e ele se torna a primeira pessoa com quem ela pode conversar sobre essa situação maluca em que ela está inserida. Também temos a presença recorrente (e essencial) de Jesse - o personagem que se tornou o amor da minha vida desde os meus 13 anos e segue sendo 10 anos depois -, um fantasma que "mora" na casa em que Suzannah acabou de se mudar e que está ali há mais de 100 anos (temos aí uma vibe homem de outro século que, confesso, amo). Todos esses personagens e todos os fatos de resolver vidas conturbadas de mortos se mesclam com a vida de uma adolescente normal que acabou de se mudar para o outro lado do país e está tendo que lidar com coisas de adolescente normal. A série, então, acompanha os anos finais de ensino médio de Suzannah, junto com a aprendizagem desse "dom" dela e como ela lida com a situação de ter que compreender os mortos e a si mesma. O bom dessa série é que depois do sucesso dela, a Meg Cabot lançou mais 2 livros, como um gostinho mais do que aconteceu com nossos personagens tão queridos - e são tão gostosos de ler quanto todos os outros (e foram um detalhe novo na minha leitura, já que eu não tinha tido a oportunidade de ler esses na época da minha adolescência porque eles não haviam sido lançados).
Pode parecer muito clichê ou juvenil demais, mas acredito do fundo do coração que leituras não têm idade e que se somos muito rigorosos com o que escolhemos ler, acabamos nos privando de diversão e de descobrir novas histórias, novos lugares e nos apaixonar por todos tipos de pessoas. Essa série teve e tem esse impacto muito positivo em mim porque consegui sentar em minhas tardes e apenas me entregar a uma leitura leve, divertida e apaixonante, seguindo Suzannah e suas mediações.
Agora, para uma reflexão mais séria sobre como esse hábito de leitura renovado dentro de uma nova rotina regrada mudaram minha vida. Sim, tão profundo assim.
Eu tenho alguns problemas de lidar com a realidade, de modo geral, mas tenho enfrentado esse problema de maneira mais apavorante durante essa época que estamos todos vivendo. Há dias em que viver fica um pouco difícil demais e é aí que entra a leitura. Desde os meus tão novos 7 anos eu gosto de ler, porque mergulhar em um mundo que não é meu me dá oportunidades de viver muito mais do que minha pacata vida. E poder, no momento atual, mergulhar em aventuras, percorrer cidades, me apaixonar e rir de personagens, conseguir me render completamente a uma realidade alternativa que ao mesmo tempo que não é minha também não não é minha, bom, é a válvula de escape que eu precisava. Ler, portanto, seguiu sendo essa maneira de eu escapar do que sinto e do que penso, me permitir respirar fundo e desopilar.
Claro que meus hábitos de leitura tinham dado uma esfriada lá no começo e claro que nem sempre conseguimos nos ligar à leitura de maneira que consigamos realmente promover essa sensação esotérica de sair do seu próprio corpo. Às vezes a leitura dói, machuca e nos deixa lá no fundinho do poço. Mas o bom da leitura é que a gente pode dizer "acho que isso é o suficiente" ou "não quero terminar essa história" ou "talvez esse não seja o meu momento para viver nisso" e deixar de lado. Não é como nossa vida, que precisamos manter, porque a leitura é uma escolha. E vale a pena escolher ser feliz e desligar-se daquilo que não podemos realmente mudar ou escolher. Certo?
Enfim, queria dizer que desde Maio venho lendo muitos livros, desde literatura adolescente até romances bem clichês água com açúcar até uma literatura mais séria e adulta e educativa, e essas leituras têm me mantido sã e bem (pelo menos 65% do tempo, ou algo assim). Recomendo encontrar algo como a leitura para se manter vivo - seja filmes, séries, desenhos, livros, cantar, dançar, se exercitar, etc etc etc. Isso faz parte do tal auto-cuidado: encontrar uma âncora para a vida.
Vou tentar voltar mais para falar um pouco de algumas leituras, mas vale a pena dar uma conferida na Meg Cabot, viu? Ela escreveu Diário da Princesa, afinal, como ela não seria incrível?
Até a próxima!





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